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domingo, 23 de maio de 2010

A "destruição criadora": Joseph Schumpeter e a dinâmica do capitalismo

Joseph Alois Schumpeter nasceu no território do extinto Império Austro-Húngaro (atual República Checa), em 1883, no mesmo ano da morte de Karl Marx e do nascimento de John Maynard Keynes. Começou a lecionar antropologia em 1909 na Universidade de Czernovitz (hoje na Ucrânia) e, três anos mais tarde 1911, na Universidade de Graz, onde permaneceu até a Primeira Guerra Mundial. Em março de 1919 assumiu o posto de Ministro das Finanças da República Austríaca, permanecendo por poucos meses nesta função. Em seguida, assumiu a presidência de um banco privado, o Bidermann Bank de Viena, que faliu em 1924. A experiência custou a Schumpeter toda a sua fortuna pessoal e deixou-o endividado por alguns anos. Depois desta passagem desastrosa pela administração pública e pelo setor privado, decidiu voltar a lecionar, desta vez na Universidade de Bonn, Alemanha, de 1925 a 1932. Com a ascensão do Nazismo, teve que deixar a Europa, e assim sendo, viajou pelos Estados Unidos e pelo Japão, mudando-se, em 1932, para Cambridge (Massachusetts, EUA), onde assumiu uma posição docente na Universidade de Harvard, onde morreu em 08 de janeiro de 1950.

De acordo com Schumpeter, a economia industrial evolui por meio da "destruição criadora". Esse fenômeno econômico ocorre quando um conjunto de novas tecnologias encontra aplicação produtiva e as tecnologias tradicionais são "destruídas", isto é, deixam de criar produtos capazes de competir no mercado e acabam sendo abandonadas. Na fase inicial ascendente de um ciclo econômico, as novas tecnologias distinguem os empresários inovadores dos que continuam utilizando as tecnologias tradicionais. Os inovadores são "premiados" com elevadas taxas de lucros e erguem verdadeiros impérios empresariais. Na fase de estabilização, os lucros caem para patamares menores, pois a maior parte das empresas adotou o novo conjunto de tecnologias e a competição tornou-se mais acirrada. Finalmente, a fase descendente caracteriza-se por um excesso de oferta em relação à demanda. As tecnologias que inauguraram o ciclo tornaram-se, a essa altura, tradicionais. A queda acentuada dos lucros prenuncia mais uma ruptura na base técnica, que deflagrará novo ciclo. A fase inicial de cada onda de inovação é a época de ouro dos empreendedores. Adaptando pioneiramente as novidades tecnológicas à produção, empreendedores ousados conquistam vastos mercados. Quase do nada, surgem empresas de grande porte, que se tornam símbolos do seu tempo. Enquanto isso, grandes empresas baseadas em padrões tecnológicos superados entram em crise e acabam se reformulando de alto a baixo ou simplesmente desaparecem. É na fase inicial que ocorre a "destruição criadora". Quando a onda de inovação atinge a fase de estabilização, as novidades tecnológicas consistem em aperfeiçoamentos do padrão tecnológico estabelecido. Essa é a época de ouro das grandes empresas, que dominam mercados já plenamente configurados. Os pequenos empreendedores, que não dispõem de recursos financeiros vultosos, são incapazes de concorrer com as grandes empresas. Freqüentemente, seus empreendimentos e suas inovações são incorporados pelas empresas dominantes. Outras vezes, tecnologias melhores são rejeitadas, pois um padrão menos eficiente adquiriu aceitação geral. Na fase descendente da onda de inovação, os mercados estão saturados. A economia registra superprodução. Inúmeras empresas revelam-se incapazes de sustentar a concorrência, cada vez mais feroz, e são incorporadas por conglomerados mais poderosos. Essa é a época de ouro da centralização de capitais. Quando, finalmente, uma nova onda se inicia, surgem mercadorias revolucionárias. Sob o impacto da "destruição criadora", a superprodução é eliminada pois os consumidores dirigem-se, ansiosamente, para os novos produtos disponíveis. Assim, o ciclo recomeça, em novas bases tecnológicas. O trabalho de Joseph Schumpeter influenciou bastante as teorias da inovação. Seu argumento é de que o desenvolvimento econômico é conduzido pela inovação por meio de um processo dinâmico em que as novas tecnologias substituem as antigas, um processo por ele denominado "destruição criadora". Segundo Schumpeter, inovações "radicais" engendram rupturas mais intensas, enquanto inovações "incrementais" dão continuidade ao processo de mudança. Schumpeter (1934) propôs uma lista de cinco tipos de inovação: introdução de novos produtos, introdução de novos métodos de produção, abertura de novos mercados, desenvolvimento de novas fontes provedoras de matérias-primas e outros insumos, e criação de novas estruturas de mercado em uma indústria.

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