sexta-feira, 21 de maio de 2010
Infoproletários: um novo conceito ou mais uma linha de análise denuncista?
A coletânea de artigos recentemente compilados por Antunes e Braga (2009) “promete” uma profunda leitura da problemática dos call centers e empresas de tecnologia, no Brasil, quando aponta um amplo conjunto de questões centrais sobre o tema, tais como tipos de teleoperadores nas empresas de call centers e as respectivas condições de trabalho, a alienação e exploração dos empregados, a relação com o trabalho e a "identidade provisória" desses trabalhadores, entre outros. Todavia, a coletânea poderia ter sido uma obra de referência no assunto, não tivesse escanteado muitos aspectos da problemática, já evidenciados em outros estudos. Seria interessante retomar alguns aspectos abordados por estudos relacionais, que não tratam a questão apenas desde uma perspectiva centrada na crítica vulgar. Ao que tudo indica, essa exclusão de “aspectos” foi promovida pelo direcionamento “denuncista” proposto por Antunes e Braga, muito bem expresso no título da obra: “Infoproletários: degradação real do trabalho virtual” (ANTUNES & BRAGA, 2009). Também nota-se uma evidente apropriação do conceito de cybertariado, de Ursula Huws, para o contexto brasileiro, aspecto que parece ser um ponto positivo do balanço realizado. Mas, como fazer um balanço da literatura da temática se não se reconhece a importância de abordagens relacionais nem a proposição de novos conceitos analíticos? Todos aqueles elementos que não coadunam com o pressuposto determinista da “degradação do trabalho” no âmbito do capitalismo ficaram excluídos da discussão, decisão que limitou qualquer possibilidade de síntese analítica da problemática. Neste sentido, a obra que poderia se tornar referência, apenas consegue assumir caráter complementar na literatura já existente sobre a precarização do trabalho, em geral, e sobre call centers, em particular.
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