De qualquer forma, quanto mais os principais indivíduos interessados estiverem envolvidos no debate, maiores as chances de os resultados serem positivos. Do contrário, a falta de diálogo entre as partes interessadas tenderia a não causar o efeito esperado, seja a geração de mais empregos ou a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. É preciso estar atento para uma falácia: a defesa do fato que, com a redução da jornada de trabalho, “os trabalhadores trabalharam menos e ganharão mais”. O debate sobre a redução da jornada de trabalho é urgente, mas seria simplório pensar que essa medida, por si, apenas resolveria problemas como o desemprego, os baixos salários e a precarização do trabalho. Dependendo da forma como for proposta, a redução da jornada pode potencializar a precarização do emprego e enfraquecer ainda mais a proteção social dos trabalhadores e o próprio sindicalismo. Reduzir a jornada de trabalho está no centro de uma série de mudanças na infra-estrutura social, mas que exige também mudanças ideológicas.Que tipo de empregos seria criado com uma política precipitada de redução da jornada de trabalho? Ampliar o volume de trabalho rotineiro e repetitivo, que requer mão-de-obra desqualificada e socialmente dependente, especialmente do Estado, que gera salários baixos e indivíduos desmotivados, não resolveria os problemas mais profundos da realidade social, poderia antes agravá-los. (A figura nesta postagem é imagem da capa da Revista Sociologias, ano 6, número 12, jul/dez., 2004, por Rodrigo Rosa).


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