
Em outra fonte de referência, encontramos uma concepção de ação social no sentido das relações sociais, e menos ligada a uma ação indivividualizada. "No intuito de explicitar melhor o conceito de sociedade, tomamos a relação social como unidade elementar. Em certa medida, a definição de sociedade aparece, convencionalmente, associada à expressão rede de relações sociais, dentro da qual apontamos a importância do processo de interação social. O termo relação social será usado para indicar o comportamento de uma pluralidade de atores à medida que, em seu conteúdo significativo, a ação de cada um leve em conta a de outros e seja orientada nesses termos. Assim, a relação consiste inteira e exclusivamente na existência de uma probabilidade de haver, em algum sentido significativamente compreensível, uma linha de ação social.” (WEBER, Max. The Theory of Social and Economic Organization. s.l. : Glencoe , 1947, p. 118)
Weber define a ação social como a unidade elementar dos fenômenos sociais. Nessa definição está implicada a concepção de interação entre os agentes sociais, ou seja, os indivíduos agem com base na ação adequadamente interpretada dos outros. Se cada ato fosse derivado de uma interpretação errônea das expectativas sociais, não haveria padrões nos fenômenos sociais. A ação social deve ser considerada como uma cadeia motivacional: não é nem um ato isolado nem um ato espontâneo. Cada ato opera como fundamento do ato seguinte. A conduta é dotada de significado para quem a executa, e por essa razão é analisável. A análise de uma ação social, então, busca compreender o sentido subjetivo da ação, que requer identificar o objetivo visado pelo agente, as motivações, os fundamentos da ação, os meios mobilizados. Após reconstruir os motivos da ação, é possível evidenciar as suas causas e identificar seus efeitos.Para Weber, todo evento social que se pretende explicar sociologicamente, deve ser considerado com base na combinação dessas formas de ação – ou em outras, observando quais se evidenciam com maior e menor regularidade. Para o autor, o agente tem convicções e sua performance depende da força com que luta e da “verdade” com que traça seu caminho. A perspectiva de Weber funda-se, portanto, sobre as realizações da ação humana e seus efeitos sobre as formações sociais. Nessa concepção, o mundo social sempre é expressão de vontades e realizações humanas.
Weber define quatro formas básicas de ação social. Na ação racional referente a fins, o agente envolve no curso de sua conduta o uso do cálculo para determinar os meios mais eficientes para atingir propósitos, trata-se fundamentalmente, da racionalidade formal ou instrumental. As características dessa forma de ação social a tornam explicável e as consequências decorrentes são essencialmente previsíveis. A ação racional referente a valores é determinada em seu curso pela crença consciente do agente em ideais e visões de mundo. Independente das consequências, o agente orienta sua conduta com base em ideias dominantes de dever, honra e dedicação a uma causa. Trata-se fundamentalmente de uma racionalidade substantiva ou da ética religiosa ou profissional. Por suas características, essa forma de ação social só pode ser compreendida. A ação social afetiva é determinada em seu curso por estados emocionais, crenças, fé, fundamentalmente refletindo irracionalidades. Nessa forma de conduta o significado da ação não se situa na instrumentalidade dos meios para se alcançar determinados fins. A ação social tradicional é determinada pelos costumes, pela força do hábito, fundamentalmente trata-se de rotinas, quando o agente não controla nem fins nem consequências.
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