"Sociologia é a ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos. Por 'ação' entende-se, neste caso, um comportamento humano sempre que e na medida em que o agente ou os agentes o relacionem com um sentido subjetivo. 'Ação social', por sua vez, significa uma ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou os agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso." (Weber, Economia e Sociedade: fundamentos da Sociologia compreensiva, 1999 [1909...], p. 3) Os processos sócio-históricos, analisados tanto por meio da compreensão do sentido subjetivo que rege as formas regulares de ação social de um dado processo como também as condições sócio-estruturais do mesmo. Foco nos processos de racionalização das esferas da vida no Ocidente e na origem e no desenvolvimento do capitalismo moderno. A ação social é toda ação cujo sentido para quem a realiza leva em consideração a conduta de outros – a ação dotada de sentido se diferencia do comportamento reativo e instintivo. As esferas sociais (política, econômica, religiosas, etc.), as relações sociais (de dominação e autoridade, competição e cooperação, etc.) e as organizações e instituições (Estado, partidos, empresas, burocracia, igrejas e seitas, etc.) podem ser decompostas e analisadas através dos tipos regulares de ação social das quais são formadas.
Em outra fonte de referência, encontramos uma concepção de ação social no sentido das relações sociais, e menos ligada a uma ação indivividualizada. "No intuito de explicitar melhor o conceito de sociedade, tomamos a relação social como unidade elementar. Em certa medida, a definição de sociedade aparece, convencionalmente, associada à expressão rede de relações sociais, dentro da qual apontamos a importância do processo de interação social. O termo relação social será usado para indicar o comportamento de uma pluralidade de atores à medida que, em seu conteúdo significativo, a ação de cada um leve em conta a de outros e seja orientada nesses termos. Assim, a relação consiste inteira e exclusivamente na existência de uma probabilidade de haver, em algum sentido significativamente compreensível, uma linha de ação social.” (WEBER, Max. The Theory of Social and Economic Organization. s.l. : Glencoe , 1947, p. 118)
Weber define a ação social como a unidade elementar dos
fenômenos sociais. Nessa definição está implicada a concepção de interação
entre os agentes sociais, ou seja, os indivíduos agem com base na ação
adequadamente interpretada dos outros. Se cada ato fosse derivado de uma
interpretação errônea das expectativas sociais, não haveria padrões nos
fenômenos sociais. A ação social deve ser considerada como uma cadeia motivacional: não é nem um ato
isolado nem um ato espontâneo. Cada ato opera como fundamento do ato seguinte.
A conduta é dotada de significado para quem a executa, e por essa razão é
analisável. A análise de uma ação social, então, busca compreender o sentido subjetivo da ação, que requer
identificar o objetivo visado pelo agente, as motivações, os fundamentos
da ação, os meios mobilizados. Após reconstruir os motivos da ação, é possível evidenciar
as suas causas e identificar seus efeitos.Para Weber, todo evento social que se pretende explicar sociologicamente, deve ser considerado com base na combinação dessas formas de ação – ou em outras, observando quais se evidenciam com maior e menor regularidade. Para o autor, o agente tem convicções e sua performance depende da força com que luta e da “verdade” com que traça seu caminho. A perspectiva de Weber funda-se, portanto, sobre as realizações da ação humana e seus efeitos sobre as formações sociais. Nessa concepção, o mundo social sempre é expressão de vontades e realizações humanas.
Weber define quatro formas básicas de ação social. Na ação racional
referente a fins, o agente envolve no curso de sua conduta o uso do cálculo
para determinar os meios mais eficientes para atingir propósitos, trata-se
fundamentalmente, da racionalidade formal ou instrumental. As características
dessa forma de ação social a tornam explicável e as consequências decorrentes
são essencialmente previsíveis. A ação racional referente a valores é determinada
em seu curso pela crença consciente do agente em ideais e visões de mundo. Independente
das consequências, o agente orienta sua conduta com base em ideias dominantes
de dever, honra e dedicação a uma causa. Trata-se fundamentalmente de uma racionalidade
substantiva ou da ética religiosa ou profissional. Por suas características, essa
forma de ação social só pode ser compreendida. A ação social afetiva é determinada
em seu curso por estados emocionais, crenças, fé, fundamentalmente refletindo irracionalidades.
Nessa forma de conduta o significado da ação não se situa na instrumentalidade
dos meios para se alcançar determinados fins. A ação social tradicional é determinada
pelos costumes, pela força do hábito, fundamentalmente trata-se de rotinas,
quando o agente não controla nem fins nem consequências.
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