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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os call centers e o infotaylorismo

A atividade de telemarketing e os call centers parecem configurar um desafio analítico para as mais diversas questões teóricas antes citadas, pois nestas empresas seria executado trabalho parcelado, mas que exige qualificações. Supõe-se que, nestas empresas, esteja se constituindo um nicho ocupacional híbrido, tendo, por um lado, trabalho parcelado e, por outro lado, trabalhadores qualificados ou em processo de qualificação. Neste sentido, hipoteticamente, supõe-se que as atividades de telemarketing configurariam “empregos trampolim”, ou seja, postos de trabalho temporariamente ocupados pelos trabalhadores, mas que não são atrativos profissionalmente, sendo descartados quando o trabalhador encontra uma melhor oportunidade ou concluem seus estudos, sua formação ou sua graduação. Alguns estudiosos defendem que muitas atividades estariam associando o trabalho repetitivo e intenso com as habilidades de comunicação, exigindo trabalhadores qualificados para tarefas repetitivas. As atividades de telemarketing e o trabalho em call centers seriam objetos privilegiados de investigação de estudos que defendem tal tese. (Venco, 1999; Oliveira, 2004; Braga, 2006 e 2007; Rosenfield, 2007a e 2007b). As abordagens desta natureza são importantes, pois evidenciam as contradições que emergem da situação atual do trabalho e do emprego no âmbito da sociedade informacional, no Brasil. Porém, igualmente importante seria abordar a atividade de telemarketing sob a perspectiva dos trabalhadores, examinando-se como esses atores sociais desenvolvem estratégias na tentativa de superar crises e dificuldades, na busca por novas oportunidades e novos cenários de mobilização. Não se pode dizer que as atividades de telemarketing sejam atrativas para o trabalhador, visto que parcela significativa dos empregados considera o emprego em call centers como temporário ou ocasional, a não ser no que se refere às suas conveniências particulares, como a jornada curta, facilitando estudo ou atividade paralela, ou complementação da renda, entre outros.
Os resultados apresentados indicam a tendência de que as atividades laborais baseadas em informática, mas que são pouco estimulantes, podem ser consideradas como um emprego trampolim, não exclusivamente no âmbito da atividade de telemarketing, mas especialmente para outros rumos sociais, profissionais ou pessoais aspirados pelos jovens. Os empregados do call center percebem a atividade como temporária, ou seja, adequada a sua situação de momento. Ao mesmo tempo em que “satisfaz” as conveniências dos empregados que são trabalhadores jovens, o emprego nos call centers seria percebido como meio de suprir transitoriamente necessidade materiais.
Do que se trata afinal a atividade de telemerketing? Podemos pensá-la mesmo como uma nova versão do taylorismo ou isso ainda é precipitado? Infotaylorismo ou um caso ainda por definir?

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