"Fato Sociológico" é um Web Log desenvolvido para a discussão sociológica, em seus aspectos epistemológicos, teóricos e metodológicos. Criado em 21 de maio de 2010, o projeto visa a constituição de um espaço de exposição, discussão e interlocução de ideias sobre o pensamento social e as tradições sociológicas, aberto ao público e sem fins comerciais. As mensagens aqui postadas visam a informação e a divulgação de questões pertinentes, sem qualquer intenção de denegrir a imagem de instituições, pessoas ou organizações. Entendemos que as imagens compiladas são de domínio público, e acreditamos no bom senso dos detentores de seus direitos autorais em permitir o uso irrestrito dos materiais, por isso nos dispomos a promover o merecido reconhecimento quando solicitado.


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Multiplas e amplas definições de movimentos sociais

Um dos mais importantes conceitos sociológicos elaborados na segunda metade do século XX foi o de movimentos sociais. Vale relembrar algumas dessas definições, que foram muito importantes especialmente entre as décadas de 1960 e 1980.

“Os movimentos sociais constituem esforços coletivos de atores sociais e/ou politicamente subordinados para mudar suas condições de vida”. Epstein (1995, p. VII).



Movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais lutando pelo controle do sistema histórico. Refere-se, portanto, a uma situação histórica determinada que tende a mudar em razão das resoluções de pautas anteriores ou por mudanças nas estratégias de reivindicação e na organização desses movimentos. Touraine (2004, p. 283)

Um movimento social existe quando um grupo de indivíduos está envolvido num esforço organizado, seja para mudar, seja para manter alguns dos elementos das sociedades mais amplas, assumindo, nesse sentido, caráter tanto de conservação quanto de transformação. Bruce Cohen (1980)

Movimentos sociais são criados quando oportunidades políticas abrem-se para atores sociais que usualmente são carentes. Movimentos são produzidos quando demonstram a existência de aliados e revelam a vulnerabilidade de seus oponentes. Tarrow (1994, p. 23)



Um movimento social não se limita a manifestar um conflito, mas o leva para além dos limites do sistema de relações sociais a que uma ação coletiva se destina, visto que o movimento social se refere à ação social dos homens na história.

Os movimentos sociais são processos sociopolíticos e culturais da sociedade civil, num universo de forças sociais em conflito. Movimentos sociais se distinguem enquanto fenômeno coletivo de classe social, de outros tipos de ação coletiva, pois, se os primeiros operam num nível sistêmico, os segundos, embora tenham presente uma identidade coletiva e um conflito, podem não quebrar os limites de compatibilidade com o sistema social. Melucci (2001)

“Movimentos sociais são ações coletivas com um determinado propósito cujo resultado tanto em caso de sucesso como de fracasso, transforma os valores e instituições da sociedade. (...) Não existem movimentos sociais ‘bons’ ou ‘maus’, progressistas ou retrógrados. São eles reflexos do que somos, caminhos de nossa transformação...”. Manuel Castells, O Poder da Identidade, 2000, p. 20

Movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. Gohn (1995, p. 44)



A estruturação de um movimento social comporta aspectos ideológicos, organizacionais e psicológicos. Para que se possa caracterizar um movimento social, não bastaria a conscientização de problemas comuns por parte de um grupo social, como ocorreria no caso da defesa de interesses num bairro ou da conservação de um parque. A formação de um movimento social exige participação ativa e uma interação constante, que em fase posterior adquire certo grau de estruturação e organização, sendo todo o processo permeado por ideologias, que geram uma estratégia e um programa de ação e que se podem estender além das fronteiras nacionais e até mesmo além de uma área cultural. Rios (1986).

Nenhum comentário:

Postar um comentário